segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Meditação Vipassana: 2014 a 2015

Existem momentos marcantes na vida da gente que não conseguimos exprimir ou verbalizar seja com palavras ou por escrito, e num retiro de meditação vipassana onde procuramos, a todo momento apenas observar e manter o nobre silêncio, permanecendo equânimes com as adversidades dores e sensações, seria um pouco limitante tentar descrever como foram os 10 dias (na verdade 12 dias) de serviço em dhama. Pois para mim, particularmente é uma experiência muito pessoal e intima que ainda hoje estou digerindo.

Mas para não ficar em branco esse post,  vou tentar descrever aqui os dias claros de puro dhama que experimentamos, com o poema do Victor Hugo que a Graça recitou para todos nós no último dia de vipassana - dia 11, em homenagem ao seu aniversário e o da Lucimar e pelo maravilhoso Ano Novo que tivemos!! E parafraseando Jose Saadi para mim este também foi  um dos melhores reveillon's  que já tive, foram dias que de tão bom, tão bom...como diz o Senhor Goenka geraram até um pequeno sankara de apego...rsrsrsr um leve risco na superficie d'água... de saudades...
Com Metta...

Poema

Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.


Grupo de Servidores da meditação vipassana planalto central - Solar Guadalupe 28/12/2014 a 07/001/2015


Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.




Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.




Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.




Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.


Desejo ainda que você afague um gato,

Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.




Desejo também que você plante uma semente,

Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.




Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar ".


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